A província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, enfrenta um dos momentos mais difíceis da sua história recente no sector avícola. A passagem do ciclone Chido, que na presente época chuvosa devastou a região, causou prejuízos superiores a 18 milhões de dólares, afetando severamente infraestruturas e a produção de alimentos essenciais como carne de frango e ovos.
O ciclone destruiu galinheiros muitos dos quais estavam em fase avançada de construção e matou milhares de aves. Além disso, houve perda de ração e outros insumos vitais para o funcionamento das granjas. Como consequência, pequenos e médios avicultores, que já enfrentavam dificuldades financeiras, veem-se agora diante do risco iminente de falência.
Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, nesta segunda-feira, 21 de abril de 2025, o presidente da Associação dos Avicultores de Cabo Delgado, Yacoob Latifo, confirmou que os levantamentos de danos ainda estão em andamento, mas adiantou que os prejuízos são evidentes.
“Neste momento, estamos a fazer os últimos levantamentos, mas podemos afirmar que os danos são enormes. O ciclone Chido causou prejuízos estimados em cerca de 18 milhões de dólares. Falo daquele investimento que estava em curso. Perdeu-se uma grande quantidade de aves e também ração. Muitos avicultores perderam tudo. A nossa capacidade de produção de frangos e ovos foi significativamente reduzida.”
A crise não se resume apenas aos danos físicos. A destruição das infraestruturas e a interrupção da cadeia de distribuição afetaram não apenas o mercado local, mas também a capacidade de exportação de produtos avícolas essenciais para a economia da província. Esse cenário pode provocar um desabastecimento temporário, com consequências diretas para a segurança alimentar da região.
A situação é ainda mais grave tendo em conta o contexto de insegurança que afeta a província, marcado por conflitos armados, o que agrava os efeitos do desastre natural.
Yacoob Latifo defendeu um apoio mais robusto por parte do governo e dos parceiros de desenvolvimento.
“Penso que não é suficiente. Eles têm investido, sim, mas não é o suficiente. Nos últimos cinco anos, nos aproximamos do Ministério da Agricultura e de outros parceiros, propondo algumas ideias, como a criação de um fundo de investimento. Como sabem, Moçambique não possui um banco agrícola. Portanto, é essencial criar um fundo de investimento, que seja gerido por especialistas em avicultura, como o Ministério da Agricultura. Esse fundo deveria oferecer financiamento a taxas mais baixas, assim como acontece na África do Sul e na Tanzânia. Precisamos disso urgentemente.”
O dirigente propõe ainda a criação de um instituto dedicado à avicultura, nos moldes do que já existe para o algodão e a castanha de caju.
“É crucial termos uma direção ou um instituto especializado em avicultura. A avicultura merece esse destaque. Por exemplo, na África do Sul, 50% da produção de milho não é consumida pela população, mas destinada à avicultura, o que demonstra o potencial desse setor para gerar grandes recursos, além de reduzir as importações.”(X)
Por: Bonifácio Chumuni
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