O clima de medo devido ao recrudescimento dos ataques terroristas nas aldeias do Posto Administrativo de Chiúre Velho, obrigou os funcionários públicos e privados a procurarem áreas seguras abandonando os postos de trabalhos.
A informação foi partilhada está segunda-feira 04.03.2024, pelos residentes do Posto Administrativo de Chiúre Velho, no Distrito de Chiúre, em exclusivo a Zumbo FM Notícias.
Segundo testemunhos dos residentes, é difícil viver no Posto Administrativo de Chiúre Velho, numa altura em que todos servicos básicos estão encerrados, com destaque para escolas e centros de saúde.
Os enfermeiros, professores abandonaram os postos. As crianças, por exemplo, estão a 3 semanas sem aulas.
Abdul Gomes e Maria Maota, são moradores de Chiúre Velho contaram a nossa reportagem, o dia-dia do Posto Administrativo de Chiúre Velho.
"Aqui estamos mal com essa situação de guerra, não tem alunos, não tem escolas, nenhum funcionário no posto de saúde, uma pessoas pode cair agora e ir no centro de saúde, não apanha nenhuma pessoa, a população abandonou por causa destes malandros que estão no mato, muita gente estão na vila sede do distrito de Chiúre e outras pessoas atravessaram o Rio Lúrio, aqui não existem nenhum professor, já passam mais de duas semanas que as crianças não assistem as aulas" - lamentaram os residentes do Posto Administrativo de Chiúre Velho no Distrito de Chiúre.
Para Julieta Guilherme e Esmail Vasco, as noites são aterrorizantes naquele posto.
"Nas noites aqui não jantamos, por causa do medo. Estamos a pedir o Governos para aumentar a segurança, para que as infra-estruturas desse Posto de Chiúre Velho, sejam guarnecidas" - disseram os residentes do Distrito de Chiúre, Posto Administrativo de Chiúre Velho.
Por seu turno, o Chefe do Posto Administrativo de Chiúre Velho, no Distrito de Chiúre, Benjamim Benedito, confirmou a paralisação dos serviços públicos, sustentando que, quase todos funcionários e boa parte da população foram obrigados a procurarem refúgios em zonas seguras, devido os últimos ataques terorristas.
"Essas últimas duas semanas, a situação está um pouco calmo, contudo o medo mantem-se, aqui quase todos professores, enfermeiros e boa parte da população fugiram devido os ataques terroristas, mas algumas pessoas estão a regressar" - disse o Chefe do Posto Administrativo de Chiúre Velho, Benjamim Benedito, em exclusivo a Zumbo FM Notícias.
O Chefe do Posto administrativo de Chiúre Velho, disse a nossa reportagem que as crianças estão sem aulas a 3 semanas.
"É verdade que as crianças estão a 3 semanas que não vão a escola, porque a criança vive com os pais e os pais abandonaram a zona, logicamente a criança teve que acompanhar" - revelou o Chefe do Posto Administrativo de Chiúre Velho, Benjamim Benedito.
A fonte não escondeu o medo instalado devido às informações dos Al shababs.
"O medo existe, as noites são sagradas, como "um segredo de Deus" nós dormimos a maneira" - disse o Chefe do Posto Administrativo de Chiúre Velho, no distrito de Chiúre, Benjamim Benedito.(x)
Por: António Bote
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A informação foi avançada está segunda-feira, 04.03.2024, pelo Director Provincial da Educação em Cabo Delgado, Ivaldo Quincardete, durante a visita de trabalho do Governador de Cabo Delgado ao distrito de Chiúre e Eráti.
Ivaldo Quincardete, disse que até este domingo, 03 de Fevereiro de 2024, um total de 63 escolas viram obrigadas a fechar as portas no Distrito de Chiúre, devido os últimos ataques terrosristas.
"Ao nível do distrito de Chiure, até ontem 03.03.2024, eram 63 escolas que estavam encerradas devido os ataques terrosristas. Ontem testemunhamos o regresso de muita população, e isso vai fazer com que as escolas de Ocua, possam brevemente retomar as aulas, vamos continuar a sensibilizar aos nossos colegas professores, para trabalharem com este objectivo" - disse o Director Provincial de Educação de Cabo Delgado, Ivaldo Quincardete.
Quincardete, explicou que há um trabalho que está sendo desencadeado para garantir a retoma das aulas definitivas e referiu que exitem no Posto Administrativo de Namapa, Distrito de Eràti na Provincia de Nampula, um pouco mais de mil crianças deslocadas com idade escolar.
"Há um trabalho que está sendo feito para a retoma efectiva das aulas, neste caso no distrito de Chiúre, acompanhamos ontem, quando visitamos os nossos concidadãos que estão em Namaapa distrito de Eráti, Província de Nampula, temos lá pouco mais de mil (1.000) crianças deslocadas com idade escolar, temos também crianças deslocadas ao nível da sede do distrito de Chiúre. Então há um trabalho que o distrito está a fazer para que estas crianças possam estudar, mas a orientação que nós sempre deixamos é que as crianças, ondem quer que estejam como deslocadas em locais seguros, devem nestes locais estudarem, então está é a orientação que temos dado a todos os distritos e neste caso o distrito de Chiúre sabe realmente que tem que fazer isso, já há crianças deslocadas a estudarem na sede do distrito e esperamos que este trabalho continue para que todas elas, queira onde que estejam possam estudar" - explicou o Director Provincial de Educação da Província de Cabo Delgado, Ivaldo Quincardete. (x)
Por: António Bote
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As famílias deslocadas, devido aos últimos ataques dos terrorista no distrito de Chiure, em Cabo Delgado, que se encontram no centro de reassentamento de Magaruma, queixam-se de falta de apoio alimentar e de outros apoios humanitários e pede ao executivo a instalação de salas de aulas anexas para albelgar alunos deslocados e espaços para produção agrícola.
Alguns deslocados entrevistados pela Zumbo FM Notícias disseram que no reassentamento falta um pouco de tudo, principalmente alimentação.
“A maior dificuldade que nós temos, é comida, nós aqui ainda não temos apoio alimentar, estamos a tentar a trabalhar, mas as coisas não estão a correr bem, estamos a pedir ao Governo para nos apoiar em alguma assistência de comida e também estamos a pedir que o Governo nos apoie em salas de aulas anexas para crianças estudarem” - disse António Jaime, deslocado de Mazeze.
Juma Lazma, é um deslocado proveniente do distrito de Quissanga, disse que com falta de apoio de PMA a situação tende a se agravar cada vez mais.
“Aqui as coisas não estão bem, estamos a sofrer a situação de fome, porque desde junho de 2023, o PMA já deixou de canalizar apoio, e não só, também as doenças tem nos preocupado, como por exemplo a conjuntivite, temos problemas de escola, a referida escola está muito distante e estamos a pedir ao Governo para providenciar escola ou salas anexas para as crianças estudarem” - disse Juma Lazma, deslocado proveniente de Quissanga.
No meio das dificuldades, a Zumbo FM Notícias constatou que há deslocados que procuram reerguer-se, mas a falta de espaços para o cultivo.
“Nós aqui estamos a ter dificuldade de ter terreno para cultivar, quando você vai cultivar no terreno, vem pessoas te arrancam alegado que são donos, não só desde que o Governo deixou de nos ajudar estamos a sofre de fome e até estamos a ter dificuldade de alimentar as crianças, e estamos a pedir ao Governo para fazer algumas salas de aulas para as nossas crianças” - disse Manuel Samuel, deslocado de Posto Administrativo de Mazeze.
“A vida aqui está um pouco normal, estamos a sofrer por causa de fome, e também problemas de terreno, há outros que arranjam espaços para cultivar e são arrancados com os donos“ - disse Joana Tomás, deslocada, no Posto Administrativo de Chiúre Velho.(x)
Por: Bonifácio Chumuni
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Esta informação, foi revelada em exclusivo a Zumbo FM Notícias, pela Chefe do Posto Administrativo de Mazeze, no distrito de Chiúre, Daniela Tunia, que falava está segunda-feira 04 de Março de 2024.
Daniela Tunia, disse que os terroristas destruíram todas infra-estruturas do Governo no Posto Administrativo de Mazeze, com destaque para Secretária do Posto Administrativo, Hospitais, Casas dos Técnicos de Saúde, do Director da Escola, entre outras infra-estruturas.
"Os estragos que os terroristas fizeram foram enormes, a Secretaria Administrativa do Posto, não se aproveita, queimaram as casas de director da escola e do pedagógico da escola, as residências dos técnicos de centro de saúde de Mazeze, o próprio centro de saúde de Mazeze, isso para dizer que todas as infra-estruturas do Governo no posto administrativo de Mazeze, foram destruídas, estou a falar de escolas, escolinhas, do centro de saúde, da nossa secretaria e de residência oficial da chefe do posto" - revelou a Chefe do Posto Administrativo de Mazeze, no Distrito de Chiúre, Daniela Tunia.
Daniela Tunia, fez saber ainda que, os terroristas mataram o Chefe da Aldeia de Muerota no Posto Administrativo de Mazeze, neste último ataque.
"Nessas últimas incursões, houveram mortes, por exemplo, o chefe da aldeia de Muerota foi morto no Dia 14 de Fevereiro" - disse a Chefe do Posto Administrativo de Mazeze, no Distrito de Chiúre.
A Chefe do Posto Administrativo de Mazeze, no Distrito de Chiúre pede o reforço da Força de Defesa e Segurança em Mazeze.
Com cerca de 25 mil habitantes, onde dos quais 360 famílias migraram para a localidade de Natuco, Distrito de Mecuf em busca da segurança. O Posto Administrativo de Mazeze dista cerca de 69 quilômetro da vila sede de do Distrito de Chiúre. (x)
Por: António Bote
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Os recentes ataques terroristas em algumas aldeias do distrito de Chiúre, levaram o deslocamento de milhares de pessoas na procura de zonas seguras na vizinha Província de Nampula.
Pouco mais de 45 mil pessoas foram abrigadas em algumas escolas da sede do Posto Administrativo de Namapa, distrito de Eráti, paralisando assim consequentemente as aulas naquele ponto do país.
O Governador da Província de Nampula, Manuel Rodrigues, disse no encontro com o Governo de Cabo Delgado e do distrito de Eráti, ser urgente a retoma das aulas que tiveram que ser paralisadas para atender a situação de emergência.
"Temos que retomar as aulas nas escolas onde os alunos foram retirados, para dar lugar a acomodação dos nossos concidadãos, portanto, é preciso que as tendas salas de aulas que estão a chegar, sejam montadas por forma que amanhã, as aulas retomem nas escolas primárias e Escola Secundárias que esteve temporáriamente encerrada."- disse o Governador da Província de Nampula, Manuel Rodrigues.
Manuel Rodrigues disse ainda que não apenas a retoma das aulas deve merecer a atenção do Governo de Eráti, mas também a questão de saúde e prestação de apoios humanitários.
“ A outra área, é de saúde, vamos atender as doenças o número de doenças, principalmente, a conjuntivite emoragica que esta a subir, a malária esta a subir, é preciso que se intensifique as assistências técnicas para está população que está com problemas de saúde igualmente as diarreias. Portanto estás três patologias são as patologias que é preciso nós prestarmos atenção, porque os números que nós tinhamos na semana que terminou, e estes que estamos a ter nesta semana que inicia hoje, são assustadores. Portanto a questão da conjuntivite emoragica, a questão das diarreias a questão da malária deve ser atendida com muita urgência aqui o sector da saúde deve incrementar as equipas de assistência[....]
O Governador de Nampula destacou ainda na sua intervenção a questão da distribuição de donativos aos deslocados.
"A terceira área era prestarmos também atenção, é a questão da distribuição de víveres aos nossos concidadãos deslocados, se não termos uma boa metodologia de distribuição poderemos ter problemas que tem haver com uns serem assistidos de forma repetitiva e outros ficarem sem nenhuma assistência. Porque imagino 45 mil pessoas não é fácil assistir em termos de víveres, estamos a falar de arroz, farinha óleo etc.... Portanto, é preciso afinarmos está distribuição dos víveres, naturalmente em coordenação com os nossos parceiros, para que está assistência flua sem quaisquer dificuldades." - apelou o Governador da Província de Nampula, Manuel Rodrigues.(x)
Por: Rafael Cocorico
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O Governador da Província de Cabo Delgado, Valige Tauabo, fez este pronunciamento na manhã desta segunda- feira no Posto Administrativo de Chiúre Velho, Distrito de Chiúre no prosseguimento do segundo dia da sua visita de trabalho a Distrito de Chiúre e Eráti.
Valige Tauabo, vincou ainda a necessidade de união e coesão no seio da comunidade para combater o terrorismo.
"Agora mais do que nunca, temos que estar mais unidos, mais coesos para defendermos os interesses da nossa terra, não se pode esperar de que virá forças armadas para nós defender, sim, isso sempre a força estará presente, mais não vai ser suficiente, todos nós quando estivermos unidos havermos também de fazer chegar todas as informações corretas sobre estas situações "- disse o Governador da província de Cabo Delgado, Valige Tauabo.
De referir que, o distrito de Chiúre localiza-se a sul da Província de Cabo Delgado e dista cerca de 137 km da capital Provincial (Pemba). É a principal porta de entrada da Província, atravessado pela estrada nacional N1 e faz fronteira com a Província de Nampula (Distrito de Erati). (×)
Por: Nazma Mahando
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O Coordenador da Direcção Geral da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), Jorge Fernando, disse nesta segunda-feira, 4 de Março de 2024, no âmbito da assinatura de memorando de entendimento entre a ANAC e os Aeroportos de Moçambique, que a sua instituição vai instalar em breve duas unidades caninas no pais, nomeadamente nos Aeroportos de Pemba, na província de Cabo Delgado, e também no Aeroporto de Nacala na província de Nampula.
“Este memorando mostra o comprometimento do Estado moçambicano e do Governo de Moçambique na prevenção de combate aos crimes contra a vida selvagem no pais. Este memorando vai se estender por todo país, nos aeroportos internacionais as unidades caninas que a ANAC vem criando ao longo deste tempo. Temos visto resultados incomensuráveis, sob ponto de vista, não só na prevenção contra a vida selvagem, mas também na segurança aeroportuária dos aeroportos. Então é um memorando muito importante sob ponto de vista do melhoramento e também da imagem do pais, ao nível internacional, pois os nossos aeroportos não poderão ser usados como ponto de trânsito de produto de fauna ilegais. Neste momento, esta em funcionamento a Unidade canina do Aeroporto Internacional de Maputo, e vamos estender para aeroporto de Pemba, na província de Cabo Delgado, e também o aeroporto de Nacala, na província de Nampula, e posteriormente para os aeroportos da Beira, Vilanculos e outros aeroportos internacionais” – disse o Coordenador da Direcção Geral da ANAC, Jorge Fernando.
Para o Presidente do Conselho de Administração dos Aeroportos de Moçambique, Américo Muchanga, este memorando vai ajudar a assegurar que as espécies proibidas de fauna bravia não podem ser exportadas para estrangeiro de forma ilícita através dos Aeroportos internacionais do pais.
“A assinatura deste acordo, não é nada mais que uma parceria que nós tínhamos com ANAC. ANAC é um órgão importante para segurança da aviação civil e como tal, já esta trabalhar connosco no Aeroporto Internacional de Maputo, e através deste memorando queremos expandir essa sua acção para os outros aeroportos, como sabem no nosso pais temos muitos pontos de entrada, não só o aeroporto internacional de Maputo, temos outros aeroportos que constituem pontos de entrada no nosso pais, como quem diz, o ponto de entrada é também o ponto de saída, e nestes pontos há também a necessidade de controlar, aquilo pode criar perigo para navegação área, mas sobretudo assegurar que as espécies proibidas da nossa fauna bravia não possa ser exportada ou levada para estrangeiro de forma ilícita, como sabemos há países que tentam derrubar animais, rinoceronte, elefantes e retirar os cornos de forma fraudulenta retirar os cornos para outros países no exterior e a Unidade da ANAC que esta no aeroporto, tem estado ajudar o país a mitigar esse risco e a expansão para os outros aeroportos para nós será fundamental para assegurar que o nosso pais esta cada vez mais protegido deste tipo de crime que pode ocorrer através das fronteiras aéreas.” – afirmou o Presidente de Conselho de Administração dos Aeroportos de Moçambique, Américo Muchanga.
Em 2023, a Unidade Canina do Aeroporto Internacional de Maputo, contribui para apreensão de holotúrias, barbatanas de tubarão e cornos de rinocerontes dissimulados e escondidos em caixa que estavam sendo exportados ilegalmente para fora do país.
Este memorando de entendimento acontece numa altura, em que se celebra, a semana do Dia Mundial da Vida Selvagem (03 de Março). Esta data foi proclamada na 68a Sessão da Assembleia Geral das Nações Unidas para assinalar a Assinatura da Convenção sobre o Comércio Internacional das Espécies de Fauna Flora Selvagem Ameaçadas de Extinção (CITES). Moçambique aderiu a esta Convenção, em 1981.
Este ano, o Dia Mundial da Vida Selvagem, celebra-se sob o lema "Conectando Pessoas e o Planeta : Explorando Inovação Digital na Conservação da Vida Selvagem", que destaca a necessidade crucial de unir esforços em prol da conservação, aproveitando as tecnologias digitais como ferramentas poderosas nesse processo.(x)
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A redacção da Zumbo FM Noticias recebeu um comunicado de imprensa da organização médica e humanitária Médicos sem Fronteiras (MSF) em Moçambique, que expressa com preocupação sobre a crescente instabilidade da situação de segurança em Cabo Delgado, recentes deslocamentos, e o impacto do conflito na saúde mental e no acesso a cuidados de saúde. Este comunicado inclui testemunhos de pacientes no distrito de Macomia, um dos mais afetados pelo conflito desde 2017.
Leia na integra o Comunicado de Imprensa:
Em janeiro de 2024, encontravam-se em Macomia cerca de 76 000 pessoas que tinham sido deslocadas nos últimos anos; em fevereiro, cerca de 3 600 pessoas adicionais foram deslocadas na sequência de múltiplos ataques no distrito.
Seis anos após o início do violento conflito no Norte de Moçambique, as pessoas em Cabo Delgado ainda vivem com medo. Só em 2024, mais de 80 mil pessoas tiveram de fugir na sequência de ataques de grupos armados.
As famílias deslocadas necessitam urgentemente de alimentos, abrigos, bens de primeira necessidade e cuidados de saúde e de saúde mental.
“As pessoas deslocadas ficam muitas vezes altamente traumatizadas pela violência”, explica a psicóloga da Médicos Sem Fronteiras (MSF) Esperança Chinhanja, em Macomia, um dos distritos afetados de Cabo Delgado. “Algumas pessoas sentem ansiedade, têm ataques de pânico, pensamentos recorrentes, insónias, e tendem a ter comportamentos de isolamento. Alguns contam que perderam o sentido da vida e mencionam pensamentos suicidas.”
Desde 2017, famílias foram deslocadas diversas vezes. A maioria sofreu ou testemunhou violência extrema, incluindo assassinatos, violência sexual, sequestros, extorsão e viram as aldeias queimadas. Muitas pessoas tiveram ou viram a familia e/ou vizinhos serem assassinados, decapitados ou baleados. Algumas perderam toda a família.
A violência não diminuiu e as pessoas continuam a fugir repetidamente. Em janeiro de 2024, encontravam-se em Macomia cerca de 76 000 pessoas que tinham sido deslocadas nos últimos anos. Em fevereiro, cerca de 3 600 pessoas adicionais foram deslocadas na sequência de múltiplos ataques no distrito. As histórias que contam são angustiantes.
Joaquim*, de 42 anos, está deslocado desde 2022, e é agora responsável pelo registo de novas pessoas que chegam a um acampamento para famílias deslocadas em Macomia. Ele regista os nomes de todos os recém-chegados e traz consigo as suas histórias, experiências, necessidades e frustrações. “À noite, muitas pessoas não conseguem dormir porque ainda têm medo. Muitos preferem ficar acordados para garantir que está tudo bem e que nada de mal possa acontecer”, partilha Joaquim, ao mesmo tempo que sublinha que a alimentação é a necessidade mais urgente das famílias deslocadas.
Amade*, um agricultor de 60 anos, foi forçado a fugir da aldeia onde vivia em Pangane em fevereiro. Atualmente encontra-se num acampamento em Macomia Sede, a cerca de 45 quilómetros da sua aldeia. Ao visitar uma clínica da MSF, Amade contou: “Quando ouvimos os tiros a ser disparados, começámos a correr. Esta foi a quarta vez que fugimos de ataques na minha aldeia desde 2020. Não temos comida e dependemos da generosidade de outras pessoas para comer. Perdi tanto peso que nem reconheço meu corpo – as minhas calças caem-me pelas pernas porque deixaram de me servir. À noite não consigo dormir entre estar com fome e assombrado pelas memórias dos ataques.”
Tal como Amade, Ernestina Jeremias, uma matrona de 32 anos, também foi deslocada em fevereiro de Chai e encontra-se atualmente em Macomia Sede, a cerca de 40 quilómetros da sua aldeia. “Os ataques destruíram tudo o que tínhamos, incluindo as nossas vidas. Esta é a terceira vez que fujo de Chai. Os últimos ataques foram os mais brutais porque aconteceram repetidamente durante duas semanas. Estou num centro de deslocados desde que cheguei a Macomia. Aqui, estou a dar apoio às mulheres grávidas da minha comunidade que também fugiram dos ataques, e encaminho os casos mais graves para as clínicas da MSF. Isso é o que me faz continuar em frente”, conta.
Atija, de 28 anos, que acompanhou os dois filhos à clínica da MSF em Nanga, também partilhou a sua história: “Eu estava grávida quando a nossa aldeia foi atacada no distrito de Meluco em 2022. Vi a minha casa a ser queimada, perdemos tudo o que tínhamos nesse dia. A minha família e eu fugimos para o mato e caminhámos durante dois dias. Desde então, nunca mais fui a mesma e ainda tenho ataques de pânico, insónias e quero ficar sozinha a maior parte do tempo. É nos meus filhos que encontro forças para continuar a viver. Tenho de assegurar que temos comida. Estou a trabalhar nas machambas [campos agricolas] de outras pessoas e em troca dão-me mandioca seca.”
O conflito continua a ter um impacto significativo nos serviços públicos, particularmente com a destruição de instalações de saúde, causando graves constrangimentos no acesso a cuidados de saúde básicos. Em Macomia, dos sete centros de saúde existentes geridos pelo Ministério da Saúde antes do conflito, apenas um está a funcionar. A MSF está a apoiar três clínicas em Macomia Sede e presta assistência médica a famílias que foram deslocadas tanto nos últimos anos como as que continuam a ser deslocadas recentemente.
A situação de segurança continua volátil em Cabo Delgado e é prematuro falar em estabilização e no regresso da vida à normalidade. Em dezembro de 2023, mais de 540 mil pessoas permaneciam deslocadas, enquanto 600 mil regressaram às aldeias onde antes viviam. Em diversas ocasiões, as famílias que voltam às áreas de origem ainda vivem com medo devido aos traumas pelos quais passaram e pelo risco de serem novamente deslocadas por novos ataques.
A MSF trabalha em Cabo Delgado desde 2019. Atualmente, a organização médica-humanitária trabalha nos distritos de Macomia, Mocímboa da Praia, Mueda, Muidumbe, Nangade e Palma, onde presta assistência médica e humanitária de forma independente, imparcial e neutra, tanto a comunidades deslocadas como às comunidades que regressam às zonas de origem. Em 2023, as equipas de saúde mental da MSF alcançaram mais de 85 mil pessoas em atividades de grupo e cinco mil sessões individuais em Cabo Delgado.(x)
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