Após abandonar a localidade de Mianguelewa, no distrito de Muidumbe, norte de Cabo Delgado, devido aos ataques terroristas ocorridos entre os dias 15 e 25 de dezembro do ano passado, parte da população começou a regressar de forma gradual.
Mianguelewa, localizada nas proximidades da Estrada Nacional 380, que conecta os distritos da região norte de Cabo Delgado, ainda enfrenta sinais de insegurança, o que faz com que o retorno seja cauteloso.
Em entrevista à Zumbo FM Notícias, nesta segunda-feira, (06.01.2025), o administrador do distrito de Muidumbe, João Casimiro, relatou que mais da metade dos habitantes deixou Mianguelewa após os ataques, mas o retorno começou a ser registrado.
“A população está a regressar aos poucos. A segurança mantém-se, mas houve reforço da presença das Forças Armadas de Defesa de Moçambique”, afirmou João Casimiro.
O administrador também destacou que mais de três mil famílias precisam de apoio humanitário na região devido à escalada da violência.
“Cerca de três mil famílias necessitam de ajuda humanitária. Mianguelewa é a única região que enfrentou essa ameaça recentemente no distrito”, acrescentou Casimiro.(x)
Por: Bonifácio Chumuni
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Em Novembro de 2024, a Zumbo FM Notícias trouxe à tona uma denúncia alarmante: ataques terroristas deixaram um rastro de destruição, com perdas humanas e materiais significativas, enquanto as autoridades locais lamentavam a ausência de forças de segurança na região.
Os relatos daquela época mostravam uma comunidade aterrorizada, sem qualquer assistência estatal imediata. Os moradores enfrentavam dias de angústia, enquanto os terroristas saqueavam, incendiavam casas e assassinavam indiscriminadamente.
A ausência de uma resposta rápida do Governo foi interpretada como negligência, aprofundando o sentimento de abandono entre a população.
Embora as autoridades tenham prometido medidas de reforço à segurança, a demora na chegada das tropas criou um vácuo que permitiu aos insurgentes se consolidarem como uma ameaça constante. Quando finalmente foi anunciado o envio de um contingente militar, já era tarde demais para recuperar a confiança da população.
Em 02 de Dezembro de 2024, o Governo enviou um batalhão de militares formado por soldados de Macarara e integrantes da Força Local, com o objetivo de estabelecer uma presença contínua em Mazeze. A estratégia previa que os militares permanecessem em sistema de rodízio mensal para garantir uma vigilância constante.
Entretanto, a recepção foi tudo menos pacífica. Conforme relatado por uma fonte anônima e bem posicionada no posto administrativo, entrevistada pela Zumbo FM Notícias nesta segunda-feira, 06 de Janeiro de 2025, a população reagiu com hostilidade e indignação.
"No dia 02 de dezembro de 2024, o Governo mandou um batalhão de militares. Eram aqueles militares de Macarara mais os da Força Local. Então, era para ficarem lá definitivamente e depois iriam fazer rendição, onde um grupo iria um mês, depois volta, vai o outro, assim sucessivamente. Era para garantir a segurança", explicou a fonte.
Mas a reação dos moradores expôs uma ferida aberta. "Vão para onde? Nós ficamos aqui com terroristas, não vieram nos acudir. Só hoje é que estão a chegar? Saíam daqui, voltem!", bradaram os residentes, indignados com a aparente negligência durante os episódios de maior violência.
A animosidade rapidamente se transformou em confronto. Segundo a fonte entrevistada, os militares, percebendo a crescente raiva da população, decidiram recuar. "Os militares voltaram. Daí, a população ligou a dizer: 'Você mandou esses militares? Quando nós estávamos a ser aterrorizados, estavam aonde?'", relatou.
O auge da revolta ocorreu quando a população, munida de catanas, paus e pedras, expulsou os militares.
"A população furiosa a se comunicar, cada um veio com catana, paus, pedras, querer desafiar os militares. Só que os militares não quiseram disparar, saíram por bem", revelou a testemunha.
Embora o Governo tenha reiterado seu compromisso com a estabilização da região, a demora inicial e a reação violenta da população deixaram cicatrizes profundas.
"É verdade que a segurança demorou, mas o Governo disponibilizou para os militares irem ficar lá definitivamente, que é para não acontecer aquilo o que vinha acontecendo de dizer que não tínhamos socorro", justificou a fonte.
Os próprios militares, diante da hostilidade dos moradores, expressaram preocupação com a segurança do administrador local.
"Não vale a pena você vir aqui com tudo isso o que nós vimos. Não pode vir aqui a só, vão te matar aquela gente aí", advertiram, referindo-se ao nível de raiva contida que presenciaram.
A situação foi descrita como crítica. "Aquela gente, nós vimos a raiva que tem. Aqueles aí devem ter criado terroristas aí, da maneira como estavam. Negar segurança! Isso não é normal. Aqueles, se não te matam a catana, podem pôr ratex. É muito complicado", alertou a fonte, destacando o estado de tensão latente.
O episódio em Mazeze não é um caso isolado. Ele ilustra a complexidade dos desafios enfrentados em Cabo Delgado, onde o atraso na resposta às crises e a desconfiança entre as comunidades e o Estado alimentam um ciclo de violência e instabilidade. A necessidade de uma abordagem mais eficaz, tanto no curto quanto no longo prazo, torna-se cada vez mais urgente.
Mazeze está localizado no distrito de Chiúre, na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique. A comunidade encontra-se a aproximadamente 180 quilômetros de Pemba, a capital provincial de Cabo Delgado. (x)
Por: António Bote
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O silêncio da noite de sexta-feira, 03 de janeiro de 2025, foi interrompido por tiros que trouxeram dor e medo ao bairro Matuto 4, em Montepuez. Eram 21 horas quando o Chefe de Mobilização do Partido PODEMOS, uma figura central na luta política do distrito, foi brutalmente assassinado. Ao seu lado, uma mulher ficou ferida, mas sobreviveu.
Este ato violento ocorreu semanas após Montepuez ter sido palco de intensas manifestações populares contra os resultados das eleições de 2024. Durante os protestos, uma pessoa foi baleada pela polícia e perdeu a vida, enquanto várias outras contraíram ferimentos. Contudo, o assassinato do líder político não está relacionado diretamente com as manifestações, e os autores do crime ainda são desconhecidos.
"De facto, nós acabamos tomando conhecimento que ontem sexta-feira, no distrito de Montepuez pelas 21 horas, houve um baleamento no bairro Matuto 4. A polícia deslocou-se para lá, então confirma que houve dois cidadãos, um do sexo masculino e outro do sexo feminino, teriam sido alvejados com arma de fogo. A cidadã do sexo feminino teria contraído ferimentos, mas está fora do perigo, enquanto que o cidadão dos seus 31 anos de idade teria perdido a vida no local", relatou o Chefe das Relações Públicas no Comando Provincial da Polícia da República de Moçambique (PRM), em Cabo Delgado, Aniceto Magome, numa entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, neste sábado, 04 de Janeiro de 2025.
A cena do crime, segundo testemunhas, estava marcada pelo desespero de moradores que não apenas perderam um líder, mas também viram a sombra da violência se alongar sobre suas vidas. Enquanto isso, uma equipe técnica composta pela PRM e pelo Serviço Nacional de Investigação Criminal (SERNIC) realizava as perícias no local. O corpo da vítima foi conduzido ao Hospital Rural de Montepuez.
"Houve uma equipa técnica que se deslocou ao local que é para efeito de perícia, em uma equipa multissectorial e que para além da polícia da PRM, esteve lá o SERNIC. Fez-se no local e daí, levou-se o corpo do finado para o hospital rural de Montepuez", detalhou Magome.
No entanto, o vazio deixado pela morte não será facilmente preenchido. Para os moradores de Montepuez, que já enfrentam instabilidade e desafios, a perda do Chefe de Mobilização do PODEMOS representa mais do que um crime – é um reflexo de tempos difíceis.
As autoridades afirmam estar empenhadas em esclarecer o caso e capturar os autores do crime.
"Neste momento, há trabalhos que estão em curso para o esclarecimento do caso e neutralizar os autores. Nós estamos a trabalhar com várias linhas que temos como informação, é no sentido de seguirmos e apurarmos qual delas nos leva aquilo o que é o resultado desejado, que é a neutralização, responsabilização das pessoas que cometeram este crime de assassinato", garantiu Magome.
A tragédia aprofunda a dor de um distrito que ainda tenta se reerguer após as recentes manifestações. A comunidade de Montepuez, agora imersa em luto e incerteza, aguarda por respostas enquanto tenta processar a perda de mais uma vida em meio a um cenário tão conturbado. (x)
Por: António Bote
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Apesar das tentativas de esclarecimento, o governo do distrito de Ancuabe não forneceu informações sobre os motivos da suspensão das atividades.
O Secretário Permanente do Distrito de Ancuabe, Saide Amade, em entrevista à Zumbo FM Notícias, nesta sexta-feira, (03.01.2025), afirmou não ter informações concretas sobre a situação.
“Não tenho dados substanciais sobre o assunto. Recomendo que falem com o gestor da empresa, pois não tenho informações sobre o retorno da exploração.”
A paralisação tem afetado profundamente a economia local, que dependia das operações da mina como uma das principais fontes de emprego e renda.
A mina de grafite de Ancuabe iniciou suas operações em 28 de junho de 2017 e foi vista como uma grande oportunidade de desenvolvimento para Cabo Delgado.
A mina é operada pela GK Ancuabe Graphite Mine, uma subsidiária da empresa alemã AMG Graphit Kropfmühl GmbH. No entanto, após mais de dois anos de paralisação, a incerteza sobre o futuro da mina e o impacto no desenvolvimento econômico da região permanecem.
A mina de grafite de Ancuabe, localizada no distrito de Ancuabe, na província de Cabo Delgado, encontra-se paralisada há mais de dois anos.
A suspensão das atividades de exploração tem gerado incertezas econômicas e sociais significativas para a região, que depende da mina para a geração de empregos e sustento das famílias.
Com um investimento de 12 milhões de euros, a concessão cobre aproximadamente 24.000 hectares e a mina tinha capacidade para produzir 9.000 toneladas de grafite por ano, empregando 100 pessoas da própria região.(x)
Por: Bonifácio Chumuni
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O país caminha para um dos dias mais decisivos de sua história recente. No próximo dia 15 de Janeiro de 2025, Daniel Chapo será investido como Presidente da República em uma cerimônia oficial organizada pelo Conselho Constitucional.
Contudo, o cenário político está longe de ser pacífico: Venâncio Mondlane, principal opositor de Chapo, anunciou que também tomará posse como presidente no mesmo dia, alegando ser o verdadeiro vencedor das eleições gerais de 2024.
O Conselho Constitucional, presidido por Lúcia Ribeiro, confirmou está quinta-feira, 02.01.2025, a data e os preparativos para a cerimônia, onde Filipe Nyusi entregará o poder a Daniel Chapo, marcando o início de um novo ciclo de liderança. Chapo receberá os símbolos máximos do poder – o martelo presidencial, a bandeira nacional, o pavilhão presidencial e a Constituição da República – em um evento de alto protocolo, na tradicional Praça da Independência.
Entretanto, Mondlane, que rejeita os resultados oficiais das eleições, mobiliza seus apoiantes e desafia abertamente as instituições do país. Sua declaração de que também tomará posse como Presidente da República no mesmo dia aumenta a tensão política e social, colocando Moçambique em um impasse sem precedentes na sua democracia.
A cerimônia oficial contará com um desfile militar histórico, reunindo todas as especialidades das Forças Armadas de Defesa de Moçambique, da Polícia da República de Moçambique e outros ramos das Forças de Defesa e Segurança (FDS). Enquanto isso, os olhos da nação e da comunidade internacional estarão voltados para o país, que enfrenta o desafio de equilibrar a estabilidade política com as profundas divisões que emergiram nas urnas.
O dia 15 de Janeiro de 2025 promete não ser apenas uma cerimônia de posse, mas um teste crucial para a resiliência das instituições democráticas e a capacidade de Moçambique de superar divisões políticas, garantindo um futuro estável e promissor para sua população. (x)
Por: António Bote
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“Eu já não sei mais quem sou. As noites são longas e as memórias, dolorosas. Cada passo que dou me lembra do que vivi. As cicatrizes na minha alma são mais profundas do que as que restaram no meu corpo.”- disse uma vítima de rapto de terroristas em Mocímboa da Praia.
Este é apenas um dos relatos que chegam da vila de Mocímboa da Praia, no norte da província de Cabo Delgado, em Moçambique, onde mulheres sobreviventes da insurgência enfrentam uma realidade cruel e desesperadora. Vítimas de rapto, violência sexual e tortura psicológica nas mãos dos grupos terroristas, essas mulheres ainda tentam reconstruir suas vidas, mas a luta contra os traumas do passado parece interminável.
Em 24 de Março de 2020, Mocímboa da Praia foi palco de um ataque devastador, no qual muitas mulheres foram capturadas pelos insurgentes. Levaram-nas para locais isolados, onde foram tratadas como escravas, forçadas a viver sob uma constante ameaça de morte. Muitas dessas mulheres, após meses e até anos de cativeiro, conseguiram escapar, mas a dor e o sofrimento ainda as perseguem.
“Fui capturada no bairro de Milamba. Fui levada para uma base onde fui violada diversas vezes. Não foi só o abuso físico, mas o psicológico, que me marcou. Eu era forçada a ter relações sexuais com vários homens por dia, e quando tentava resistir, as ameaças de morte eram constantes”, relata uma das sobreviventes.
Essas mulheres, que viveram o pesadelo nas mãos dos insurgentes, agora enfrentam outro desafio, a falta de apoio psicológico. Mesmo com a presença de algumas ONGs e psicólogos, a ajuda não tem sido suficiente para atender a todas as vítimas. Muitas se sentem esquecidas, excluídas, e desesperadas por um amparo que vá além das palavras.
“Eu não estou bem. Às vezes, acordo no meio da noite, gritando, revivendo tudo o que aconteceu. Minha mãe, que ficou comigo, também tem medo de mim. A dor que sinto não é só física, é uma dor que consome a minha alma”, desabafa outra sobrevivente.
Em uma crítica dolorosa à ineficiência de muitas ações humanitárias, as vítimas apontam que, enquanto as ONGs circulam em carros de luxo, elas continuam a sofrer, sem o apoio que verdadeiramente precisam.
“O que queremos não são carros bonitos, nem palavras vazias. Queremos ajuda real, psicológica, algo que nos ajude a recuperar a dignidade e a reconstruir nossas vidas”, afirmou uma mulher que, com os olhos marejados, ainda carrega as marcas da violência física e emocional.
As críticas não param por aí. As mulheres clamam por um apoio que, além do cuidado psicológico, ofereça também o saber fazer, capacitação e recursos que as ajudem a ser autos-suficientes e a sair da pobreza e do estigma que as acompanha.
A emissora pública de televisão do país, que revelou os relatos em condição de anonimato, acompanhou de perto as histórias de dor e superação das mulheres que conseguiram sobreviver ao cativeiro imposto pelos insurgentes.
Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, nesta segunda-feira, 30 de Dezembro de 2024, o administrador de Mocímboa da Praia, Sérgio Cipriano, que tem se dedicado ao apoio das vítimas, reconhece as dificuldades enfrentadas na região e os desafios de fornecer o suporte necessário a todas as pessoas afetadas pela insurgência.
“No setor de Saúde, temos psicólogos que trabalham com a população, e algumas ONGs tentam intervir. Porém, ainda não conseguimos alcançar todas as vítimas que estamos identificando. O impacto da insurgência tem sido devastador, mas estamos trabalhando para melhorar a situação”, afirmou Cipriano.
Contudo, ele também reconhece que a insurgência está mudando de foco. “As últimas incursões, em sua maioria, não foram tão sangrentas. A logística tem sido o foco principal, o que mostra que a situação está evoluindo, mas as necessidades psicológicas das vítimas continuam urgentes.”
Enquanto isso, as mulheres continuam a lutar não só contra os fantasmas do passado, mas contra a indiferença de um sistema que, muitas vezes, falha em abraçar as suas necessidades. O que elas querem é ser ouvidas, é ter a oportunidade de viver de novo, longe das sombras que a insurgência deixou em suas vidas. O pedido é simples, mas crucial: ajuda psicológica, dignidade, e o direito de recomeçar. (x)
Por: Bonifácio Chumuni
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Após as eleições gerais de 9 de Outubro de 2024, Moçambique viu o apito ganhar um papel inesperado como símbolo de resistência política. O opositor Venâncio Mondlane, apoiado pelo partido PODEMOS, incentivou o uso de apitos para contestar os resultados eleitorais que deram vitória ao partido FRELIMO e ao seu candidato, Daniel Chapo. Esse movimento transformou o apito em um instrumento de protesto amplamente usado, especialmente em Pemba, na província de Cabo Delgado, onde o objecto, antes vendido por 10 a 15 meticais, passou a custar até 50 meticais devido à alta procura.
No auge do protesto, tornou-se comum ver pessoas carregando apitos no pescoço, em um acto que simbolizava contestação e resistência. Esse contexto conferiu ao apito um significado político marcante, alimentando tensões sociais e gerando preocupação entre as autoridades.
Foi nesse cenário que, na terça-feira, 31 de Dezembro de 2024, um episódio peculiar chamou a atenção em Pemba. Durante a distribuição de kits de higiene pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), destinados a famílias vítimas do ciclone tropical CHIDO, que devastou a zona norte do país no dia 15 de Dezembro de 2024, foram encontrados 158 apitos entre os itens entregues no Bairro de Paquitiquete.
A presença dos apitos nos kits gerou um clima de desconfiança e questionamentos por parte dos residentes, que associaram o objecto ao contexto político. A polícia foi acionada para intervir e recolheu os apitos remanescentes para investigação.
Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, nesta quarta-feira, 1º de Janeiro de 2025, o Chefe das Relações Públicas do Comando Provincial da PRM em Cabo Delgado, Aniceto Magome, detalhou os passos tomados pelas autoridades desde a identificação do problema.
"São 158 apitos que a polícia conseguiu recolher, dos 300, porque o remanescente já havia sido distribuído. Estes 158 foram dos kits que se pretendia fazer a distribuição no dia de ontem; os restantes já tinham sido distribuídos nos dias anteriores", disse Aniceto Magome.
Magome explicou que a ação da polícia foi motivada pela agitação gerada na comunidade, que buscava explicações sobre o propósito dos apitos.
"Nós, como autoridades públicas, fomos solicitados e fomos lá. Aferimos e, por uma questão de esclarecimento, recolhemos o material até uma das subunidades policiais. Agora, estamos interagindo com a organização responsável para compreender a finalidade desse material."
O oficial destacou que a medida de recolher os apitos foi tomada para evitar especulações que poderiam levar a desordens maiores, enquanto as autoridades trabalham para entender como e por que os apitos foram incluídos nos kits.
Segundo Magome, trata-se de uma organização não governamental, e até o momento o responsável pelo setor específico da distribuição não se apresentou às autoridades.
"Como se tratava de dias não laborais, o responsável pelo setor ainda não se fez presente. Penso que irá se apresentar nos próximos dias, calhando em uma data laboral", informou.
Magome detalhou o processo de investigação em andamento, explicando que as autoridades estão coletando informações de todas as partes envolvidas.
"Neste momento, estamos aguardando apenas o responsável da organização para também fazermos a triangulação da informação. Quero acreditar que, se é um projeto, existem lá elementos e termos de referência relacionados a cada item dos kits."
Ele também afirmou que os apitos foram os únicos itens recolhidos pelas autoridades, enquanto os demais componentes dos kits permaneceram com os beneficiários.
"Os componentes dos kits ficaram com os beneficiários; apenas os apitos ficaram com as autoridades policiais."
Além disso, o oficial apontou que a polícia ouviu tanto os populares que receberam os kits quanto alguns representantes locais, mas a investigação só poderá ser concluída com o posicionamento oficial da organização responsável.
"Tudo partiu de uma agitação popular por parte de alguns populares. Sendo assim, temos que perceber melhor o que motivou. Neste momento está-se a fazer um processo de triagem, onde já se ouviu uma parte da população e alguns beneficiários que apresentaram a preocupação."
O caso chama a atenção não apenas pelo simbolismo do apito no atual contexto político, mas também pela possibilidade de implicações maiores sobre a intenção ou o erro logístico na inclusão do objeto nos kits humanitários.
Em Cabo Delgado, Cidade de Pemba, a população do bairro Paquitiquete aguarda esclarecimentos, enquanto o episódio lança luz sobre as complexas interações entre ações humanitárias e o contexto político sensível em Moçambique. (x)
Por: António Bote
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A distribuição de kits de ajuda humanitária no bairro Paquitequete, em Pemba, feita está terça-feira (31.12.2024), esta gerar uma onda de desconfiança e controvérsia entre os moradores, devido à inclusão de apitos entre os itens entregues.
Os kits foram distribuídos pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) em resposta aos danos causados pelo ciclone tropical Chido, que afetou a província de Cabo Delgado em 15 de Dezembro de 2024.
No entanto, a presença dos apitos nos pacotes tem causado alarme, com muitos moradores associando-os a possíveis manifestações políticas e protestos contra os resultados eleitorais.
Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, moradores de Paquitequete expressaram suas preocupações sobre o conteúdo dos kits, que continham também produtos de higiene, como sabão, sabonetes e roupas.
No entanto, a inclusão do apito gerou desconforto, dado o contexto político e social que a região vive, marcado por tensões e contestação política.
Issa Hernesto relatou a sua experiência ao receber o kit: "Recebi um balde, dentro tinha três pacotes de Omo, três sutiãs, três barras de sabão, que é sabonete, um pente e um apito, e seis calcinhas. São coisas que estavam dentro do balde."
A falta de explicações sobre a utilidade do apito gerou confusão entre a população.
"Na primeira fase, eles não chegaram de explicar a utilidade do apito, porque na verdade ninguém sabia isso, estou a falar da população, talvez eles sabiam que estavam a colocar, mas a população que somos nós, não sabíamos", explicou Hernesto.
A situação tomou um rumo mais tenso quando os moradores começaram a perceber o potencial risco que o apito representava.
"Como nós sabemos que tivemos um problema quanto a este apito, após de vermos o apito, nos tomamos atenção, naquilo que talvez pode nos criar alguns problemas por alguns dias", afirmou Hernesto, destacando que a distribuição foi paralisada após a chegada da polícia.
"Durante a distribuição, foram distribuídas as primeiras pessoas, mas na segunda fase paralisaram devido à chegada dos policiais, porque as primeiras pessoas, quando receberam, foram e quando saíram, tiraram os apitos para entregar às suas crianças", revelou.
A presença da polícia no local gerou ainda mais incerteza.
"Os policiais, quando se perceberam, se comunicaram e chegaram no local e perguntaram o porquê que estávamos a usar este apito, e nós não tínhamos uma palavra que pudesse explicar para eles, ficamos totalmente paralisados", disse Hernesto.
Ele ressaltou que, diante da confusão, os moradores começaram a recolher os apitos para entregá-los às autoridades, temendo consequências negativas.
"Ficamos assustados, porque já sofremos tantas vezes com o apito, já sabemos o mérito daqueles apitos", disse, visivelmente preocupado com o simbolismo que o apito pode carregar no contexto atual.
Erazina Alifo também demonstrou o seu temor em relação aos apitos, especialmente após observar crianças tocando-os.
"Aí mesmo quando outros receberam, tinham umas crianças que estavam a tocar apitos. Nós ficamos assustados, porque este apito, de antes, isso aconteceu com casos de problemas com esses apitos, nesse tempo de manifestações usavam apitos", contou Erazina, referindo-se aos protestos que marcaram períodos de tensões políticas na região.
"Agora, quando trouxeram esses apitos, só não tínhamos como fazer, né? Perguntar", disse ela, destacando o medo generalizado que tomou conta da comunidade.
Embora os outros itens do kit tenham sido bem recebidos, o apito gerou uma sensação de desconforto.
"Não soubemos o que serve este apito que está aí, mas tudo o que está no kit, sei a sua utilização, mas apito só vejo a ser tocados nestes conflitos que estamos a viver", afirmou Erazina.
Para ela, o apito se tornou um símbolo de algo negativo, uma ligação a tempos de manifestação e contestação.
Viviane Sivito, por sua vez, expressou surpresa ao encontrar o apito em seu kit.
"Nós ficamos admirados por ver esse apito nesses produtos. Nas coisas que eu recebi, o apito estava no balde de Omo bem selado. Eu que abri e encontrei este apito", relatou.
"Vendo o apito, fiquei muito admirada, porque eu sei para que serve. Assim, eu não vou usar este produto", afirmou Viviane, visivelmente desconfortável com o apito no kit.
Para ela, a presença do item gerou um sentimento de desconfiança, pois associa o apito a manifestações e tensões políticas.
"Eu não sei porque eles colocaram o apito nestes kits. Isso me dá medo com o que vimos a pouco tempo", acrescentou.
Por fim, Ama Abacar, outra moradora do bairro Paquitequete, resumiu o sentimento geral da população em relação à distribuição dos kits.
"Nós já vimos o que aconteceu com apito, por isso estamos muito preocupados. Nós estamos mal com fome, primeiro queríamos comida, porque sem comer ninguém vive", desabafou. Ama destacou que a prioridade das famílias atingidas pelo ciclone era o auxílio alimentar, e não o recebimento de itens que poderiam gerar mais preocupações.
A inclusão dos apitos nos kits de ajuda humanitária, que estavam destinados a aliviar o sofrimento das vítimas do ciclone, acabou por se tornar um foco de desconfiança e divisão entre os moradores.
O apoio dado pelo ACNUR à população afetada, em conjunto com o partido Podemos e o opositor Venâncio Mondlane, que tem utilizado os apitos como símbolo de protesto político, intensificou a polémica. As autoridades locais agora enfrentam o desafio de esclarecer o propósito da distribuição desses apitos e garantir que a ajuda humanitária chegue sem gerar mais tensões na comunidade. (x)
Por: António Bote
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Após a passagem do ciclone Chido pela cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, centenas de famílias, sobretudo no bairro de Paquitequete, enfrentam graves dificuldades humanitárias. Em resposta a esta crise, o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) realizou, nesta terça-feira, 31 de dezembro de 2024, a distribuição de kits de dignidade destinados a mil mulheres.
Os kits continham itens essenciais como calcinhas, pasta de dentes, copos, baldes de 20 litros e, curiosamente, apitos. A inclusão do apito gerou debates após as autoridades locais manifestarem preocupação com o uso do item.
Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, a assessora de Parceria e Comunicação do ACNUR, Isodora Zoni, explicou que os apitos foram incluídos como parte de uma estratégia de proteção para as mulheres em situações de perigo.
"Hoje, distribuímos kits de dignidade que incluem vários itens como calcinhas, copos, escovas de dentes, um balde de 20 litros e também um apito. Este apito é conhecido como 'apito de estupro' e faz parte de uma medida de segurança para as mulheres nas comunidades. Em caso de incidente, as mulheres podem usá-lo para alertar não apenas por meio de gritos, mas também através do apito, que é uma ferramenta prática e eficaz", afirmou Zoni.
A presença dos apitos nos kits levou as autoridades locais a interromperem temporariamente a distribuição, alegando que o material poderia ser mal interpretado ou utilizado de maneira inadequada. Segundo as autoridades, manifestantes têm usado apitos como forma de identificação durante protestos, o que poderia causar tensões adicionais na região.
"As autoridades informaram-nos que a distribuição dos apitos, neste momento, poderia gerar problemas devido à sensibilidade do contexto atual. Em respeito a essa recomendação, decidimos retirar os apitos dos kits para que a distribuição pudesse prosseguir, garantindo que as mulheres identificadas como vulneráveis recebessem os demais itens", explicou a representante do ACNUR.
O ACNUR é uma agência da Organização das Nações Unidas (ONU) que atua em mais de 135 países, com o objetivo de salvar vidas, assegurar os direitos e oferecer um futuro digno às pessoas deslocadas por guerras, conflitos armados, perseguições ou graves violações dos direitos humanos.
A Zumbo FM Notícias segue acompanhando o caso e trará novos desenvolvimentos sobre a situação. (x)
Por: Esperança Picate
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O bairro de Paquitequete, em Cabo Delgado, Norte de Moçambique, é considerado pelas autoridades governamentais como o mais agitado e o epicentro de manifestações pós-eleitorais na cidade de Pemba.
As autoridades moçambicanas e de segurança de Cabo Delgado demonstraram indignação com a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) após, nesta terça-feira, 31 de Dezembro de 2024, serem descobertos apitos nos kits que estavam sendo distribuídos às comunidades do bairro Paquitequete.
Foram recolhidos mais de duzentos apitos no terreno, e o processo de distribuição dos kits pela ACNUR foi interrompido pelas autoridades moçambicanas.
“Foi o secretário do bairro quem descobriu, recolheu mais de 200 apitos e mandou parar a distribuição. Os brancos que estavam a fazer a distribuição ficaram indignados”, revelou uma fonte segura à Zumbo FM Notícias.
O bairro de Paquitequete é considerado o mais violento da cidade de Pemba, em Cabo Delgado, e ainda não se sabe ao certo o motivo da inclusão de apitos nos kits da ACNUR.
O apito é um instrumento de sopro utilizado para música, sinalização desportiva, trânsito e também para emergências.
A reportagem da Zumbo FM Notícias ouviu a chefe de Parceria e Comunicação da ACNUR em Cabo Delgado, Isodora Zoni, que recomendou apenas o envio de questões por e-mail para que um técnico pudesse responder. Ela não quis prestar declarações sobre o assunto.
Presente em 135 países, a Agência da ONU para Refugiados (ACNUR) é uma organização dedicada a salvar vidas, assegurar direitos e garantir um futuro digno a pessoas forçadas a deixar suas casas devido a guerras, conflitos armados, perseguições ou graves violações dos direitos humanos.
A Zumbo FM Notícias está no terreno e trará aos seus ouvintes e leitores do website mais desenvolvimentos sobre esta matéria.(x)