Os residentes da cidade de Pemba, capital da província de Cabo Delgado, denunciaram, em declarações à Zumbo FM Notícias, alegados actos de extorsão protagonizados por agentes da Polícia da República de Moçambique (PRM), acusados de exigir subornos que atribuem o nome de "refresco" em plena via pública, durante operações de patrulha.
As denúncias foram colhidas neste sábado, dia 17 de Maio de 2025, durante uma ronda realizada pela nossa reportagem por ocasião das celebrações dos 50 anos da criação da corporação policial, e descrevem um padrão recorrente de abordagens policiais que resultam na exigência de dinheiro para deixar a pessoa seguir a sua viagem.
“Quando as polícias pegam documentos das pessoas, costumam exigir dinheiro. Dizem: ‘não tens refresco aí?’. Quando a pessoa tem medo, entrega mesmo. Isso está a acontecer aqui em Pemba”, denunciou Daúde Abel, morador local, visivelmente indignado.
Outro cidadão, que preferiu o anonimato por receio de represálias, confirmou a prática e afirmou que os valores exigidos variam de caso para caso.
“A polícia aqui na cidade intensifica mais ao pedir o bilhete de identidade, por causa da situação de segurança que se vive na província. Mas esse hábito de pedir dinheiro já aconteceu várias vezes. É um comportamento sujo, vindo de quem devia garantir a nossa segurança”, lamentou.
O mesmo interlocutor explicou que, ao recusar pagar, os agentes criam constrangimentos adicionais.
“Se tiveres bilhete, dizem: ‘tá bom, mas tenta lá passar algo’. Quando não dás, complicam.”
Pedro Techo, outro citadino, explicou que:
"A PRM precisa trabalhar muito, e deixar isso de andar a pedir dinheiro as pessoas nas ruas. Pessoa está bem identificada, ainda andam a criar complicações", denunciou.
Além das alegações de extorsão, os entrevistados apelaram a uma maior presença policial noturna nos bairros periféricos da cidade, onde se registam frequentes assaltos e casos de violência sexual atribuídos a um grupo conhecido como “Ana 15”.
“O grupo ‘Ana 15’ tira bens e até abusa de mulheres. A polícia deve reforçar as patrulhas nesses bairros. A população vive com medo”, alertou o mesmo morador.
Momade Alugema Muquila, outro residente de Pemba, reforçou o apelo:
“A população está a passar mal por causa dos assaltos. Precisamos de mais patrulha à noite, principalmente em Chuiba.”
Já Opido Manuel Carlos defendeu uma postura mais dialogante por parte dos agentes da PRM:
“Eles devem ter mais paciência com a população. Trabalhar com proximidade para evitar que as pessoas vivam com medo.”
Confrontado com as denúncias, o chefe do Departamento de Relações Públicas do Comando Provincial da PRM em Cabo Delgado, Aniceto Magome, repudiou com firmeza quaisquer práticas de extorsão, sublinhando que comportamentos desviantes não são tolerados na corporação.
“Repudiamos situações desta natureza. A polícia actua com base nos princípios da legalidade. Havendo comportamentos desviantes, é necessário que a população denuncie junto às subunidades policiais. Serão tomadas as medidas que se impõem”, assegurou.
Magome apelou à colaboração da população e reforçou o compromisso da corporação com a manutenção da ordem, segurança e tranquilidade públicas. (x)
Por: António Bote
Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as notícias da Zumbo FM Notícias com os seus contactos. Muito obrigado por visitar o nosso website!
O turismo na província de Cabo Delgado enfrenta severas limitações, com destaque para o colapso do turismo de lazer e férias. A informação foi avançada por segundo vice-presidente da Associação do Turismo na Província de Cabo Delgado, Óscar Soares, em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, nesta sexta-feira, 16 de Maio de 2025.
Segundo Soares, o atual cenário turístico é profundamente condicionado pela insegurança e por eventos adversos que marcaram os últimos anos. “O turismo em Cabo Delgado neste momento é praticamente só para negócios e trabalho. Verifica-se muito pouca procura para o turismo de lazer e férias, devido à situação que todos conhecemos. Depois da COVID-19, tivemos o ciclone e agora é a questão da insurgência que tem afetado várias zonas da província”, explicou.
A cidade de Pemba é atualmente o único ponto considerado acessível para visitantes. “As zonas mais ou menos acessíveis para o turismo em Cabo Delgado são, praticamente, apenas a cidade de Pemba. Ainda se verifica alguma atividade na área de acomodação, restauração e lazer, num contorno de segurança e eficácia. As ilhas turísticas estão encerradas ou fechadas. Em outros distritos há algumas pensões ou residenciais, mas são usadas mais para trabalho”, detalhou.
O dirigente revelou ainda que o número de turistas internacionais é bastante reduzido, sendo a maioria das visitas motivadas por trabalho de organizações não governamentais ou técnicos de outras províncias. “Não temos números exatos dos turistas que entraram desde janeiro, mas posso garantir que turistas internacionais são muito poucos. O que tem havido mais é turismo de trabalho, com ONGs e técnicos que vêm de outras províncias.”
Sobre a segurança, reconheceu que a situação é complexa.
“A questão da segurança é complicada. A insurgência envolve violação de propriedades, destruição de infraestruturas e até raptos. Cabe às Forças de Defesa e Segurança (FDS) determinar que zonas estão livres e seguras. Nós, do setor do turismo, apenas promovemos, divulgamos e tentamos atrair turistas. Também podemos atuar como vigilantes, informando as autoridades sobre suspeitas em determinadas áreas.”
Apesar das dificuldades, Soares expressou esperança na recuperação do setor.
“Esperança todos nós temos. Temos potencial, temos a nossa cultura, o nosso povo. Queremos trabalhar e implementar os nossos projetos. Alguns já estão erguidos, mas não podemos abrir. Estão à espera do que vai acontecer.”
O próprio dirigente tem uma iniciativa suspensa, à espera de melhores condições.
“Falando pessoalmente, o meu projeto turístico também está parado. Assim que tivermos segurança, acredito que o turismo poderá voltar ao seu apogeu, como há dez anos atrás.”
Quanto ao comportamento dos visitantes, reforçou: “Em qualquer parte do mundo, se não há segurança, ninguém quer ir. Toda viagem começa com a avaliação da segurança.”
Até à data da entrevista, a província ainda não contava com dados consolidados sobre a perda de turistas em 2025. “Estamos no quinto mês do ano e infelizmente ainda não temos nenhuma informação concreta sobre a perda de turistas”, disse.
No que toca à infraestrutura, Soares revelou que vários empreendimentos fecharam. “Existem entre cinco a sete estabelecimentos turísticos que encerraram. Eram grandes infraestruturas turísticas aqui na província”, concluiu. (x)
Por: António Bote
Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as notícias da Zumbo FM Notícias com os seus contactos. Muito obrigado por visitar o nosso website!
O comandante provincial da Polícia da República de Moçambique em Cabo Delgado, Assane Fikir Nyito, compartilhou esta informação neste sábado, durante as comemorações dos 50 anos da PRM, que se assinalam no dia 17 de maio. Este ano, as festividades decorrem sob o lema: "PRM, 50 anos aprimorando estratégias de ligação Polícia-Comunidade face aos desafios da manutenção da ordem, segurança e tranquilidade públicas."
Assane Fikir Nyito afirmou que a situação do terrorismo em Cabo Delgado é relativamente calma e controlada, apesar das incursões registradas em alguns distritos da província.
"A situação do terrorismo na província é considerada relativamente calma e controlada, não obstante, têm-se registado algumas incursões nos distritos de Mocímboa da Praia, Macomia, Muidumbe, Meluco, Quissanga, Ibo, Ancuabe, Metuge, Mecufi, Nangade e Montepuez", afirmou.
O comandante provincial da PRM em Cabo Delgado reforçou que, diante desse cenário, as forças de defesa e segurança, bem como as forças amigas de Ruanda e Tanzânia, continuam com ações operativas para estabelecer a ordem, a segurança e a tranquilidade públicas.
"Salienta-se que, no terreno, as forças de defesa e segurança, assim como as forças amigas de Ruanda e Tanzânia, continuam com ações operativas preventivas visando estabelecer a ordem, a segurança e a tranquilidade pública na província", destacou o comandante da PRM em Cabo Delgado.
Além disso, a PRM manifestou preocupação com a situação dos acidentes de viação, que tendem a registrar um número elevado, causados por excesso de velocidade, condução sob efeito de álcool, deficiências mecânicas, ultrapassagem e cruzamento irregular.
"Preocupa-nos também o elevado número de acidentes de viação. Nesse período, a PRM registou 42 casos, contra 47 no mesmo período do ano anterior, havendo uma
descida de cinco casos. Esses acidentes resultaram em 46 óbitos contra 59 anteriormente, 33 feridos graves contra 39, 44 feridos ligeiros contra 52, 29 danos materiais avultados contra 32 e 21 danos ligeiros contra 7, causados por excesso de velocidade, condução sob efeito de álcool, deficiências mecânicas, ultrapassagem e cruzamento irregular", concluiu.(x)
Por: Esperança picate
Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as notícias da Zumbo FM Notícias com os seus contactos. Muito obrigado por visitar o nosso website!
O fundador da organização não governamental Kwendeleya, Abudo Gafuro, falou em exclusivo à Zumbo FM Notícias, nesta quarta-feira, 14 de Maio de 2025, sobre os desafios que a educação enfrenta em Cabo Delgado e os passos fundamentais para garantir que nenhuma criança fique para trás.
“Pouco mais de 15 mil crianças estão a correr sérios riscos de ficar mais uma vez sem escola devido a situação de ataques e calamidades naturais”, disse.
O ativista explicou que a presença de psicólogos nas escolas, a implementação de práticas de cura cultural e o fortalecimento das parcerias locais são indispensáveis para assegurar uma educação de qualidade.
“Envolver os psicólogos nas escolas, implementar práticas de cura cultural e reforçar as parcerias locais são passos essenciais para garantir que todas as crianças recebem uma educação de qualidade e que ninguém fica para trás”, afirmou.
Gafuro salientou que a saúde mental tem ganhado reconhecimento no sistema educativo, sobretudo em contextos pós-conflito como o de Cabo Delgado, e destacou a necessidade de tratar os traumas psicológicos de crianças e professores.
“Temos assistido recentemente a uma crescente consciencialização da importância da saúde mental no sistema educativo, particularmente em contextos pós-conflito, como Cabo Delgado. É imperativo que abordemos com urgência e continuidade o trauma psicológico sofrido pelas crianças e pelos professores para garantir que a reconstrução da educação inclui não só aspetos físicos, mas também emocionais e psicológicos”, explicou.
Gafuro criticou a negligência do governo em relação ao impacto psicológico dos traumas na educação pública.
“É preocupante que o governo de Cabo Delgado, Moçambique, esteja a ignorar o trauma psicológico das crianças e dos professores nas suas políticas de educação pública. O trauma pode ter um impacto duradouro na vida das pessoas e é importante lidar com ele de forma adequada”, revelou.
Gafuro alertou para os riscos de negligenciar a saúde mental dos jovens da província.
“A saúde e o bem-estar dos jovens em Cabo Delgado estão em causa. A falta de apoio à saúde mental pode levar a problemas como depressão, ansiedade, suicídio e abuso de substâncias. Assim, é importante garantir que a saúde mental é considerada uma prioridade no processo educativo, para que os jovens tenham os recursos necessários para superar os desafios que enfrentam e levar uma vida saudável e equilibrada”, concluiu. (x)
Por: António Bote
Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as notícias da Zumbo FM Notícias com os seus contactos. Muito obrigado por visitar o nosso website!
Em Mocímboa da Praia, as famílias enfrentam dias de profunda dor. Depois de mais de sete anos de guerra, agora é a fome que aperta. A seca devastou tudo. Os poucos que tentaram cultivar perderam as colheitas por causa do sol intenso e dos animais que invadem os campos.
A Zumbo FM Notícias ouviu famílias que lutam todos os dias para sobreviver. Mães e pais que dependem da terra, mas que hoje já não têm o que colher nem o que cozinhar.
Dona Teresa, mãe de cinco filhos, vive no bairro Milamba. Em voz baixa, conta que já não sabe o que dar aos filhos.
“Ontem só fiz chá de folhas. Hoje não sei o que vou dar. A machamba ficou seca, nada cresceu. Choveu pouco e o milho não nasceu. Estamos a sofrer.”
Senhor Mateus Machomba, camponês com mais de 20 anos de experiência, diz que nunca viu nada igual.
“Sempre plantei milho, feijão, arroz. Este ano nada prestou. Nem mandioca. O sol queimou tudo. Até os elefantes entraram e comeram as folhas. Estamos a passar muito mal.”
Além da fome, há também o medo. A insegurança continua a assombrar muitas famílias que regressaram às suas casas depois de anos a viver como deslocadas.
“Voltámos com esperança de recomeçar, mas até agora nada mudou. A fome está pior. Os meninos choram com fome. Nós pedimos ajuda. Só Deus sabe”, desabafa senhor Joaquim Paulo, pai de sete filhos.
O administrador de Mocímboa da Praia, Sérgio Cipriano, confirma a gravidade da situação. Em entrevista à Zumbo FM Notícias, revelou que o governo local tentou incentivar a produção agrícola, mas os obstáculos foram maiores do que o esperado.
“Quanto à segurança alimentar, enfrentámos muitas dificuldades. Mobilizámos a população para abrir áreas de cultivo e a resposta foi positiva. Mas, no momento da sementeira, já não havia sementes disponíveis. As poucas que foram lançadas à terra não germinaram. Depois de quase dois meses, enfrentámos uma estiagem severa: não choveu. O sol queimou tudo. Assim, as culturas secaram e não produziram.”
O administrador distrital acrescenta que algumas famílias conseguiram colher mandioca e, em menor escala, batata-doce, mas o pouco que conseguiram não será suficiente para sustentar por muito tempo.
“Depois de consumirem o pouco que colheram, vamos enfrentar uma situação real de fome.”
Outro fator agravante é o conflito com a fauna bravia.
“Os poucos campos que ainda tinham alguma produção estão a ser invadidos por elefantes, hipopótamos e outros animais, que destroem tudo. Já informámos as autoridades superiores para tentar travar esta situação.”
Algumas famílias tentaram plantar arroz, mas em pequenas quantidades. As chuvas já pararam, e muitas comunidades vivem no limite.
“Todos os dias recebo idosos a pedir ajuda. Mães com filhos às costas, todos à procura de alguma coisa. As poucas lojas que tínhamos estão esgotadas. Precisamos de sementes, de tratores, de apoio para podermos voltar a produzir. As famílias não têm rendimentos.”
Em Mocímboa da Praia, a guerra destruiu o que era físico. Agora, a fome ameaça destruir o que ainda resta, a esperança de um povo que resiste, mesmo sem saber o que vai comer no dia seguinte. (x)
Por: Bonifácio Chumuni
Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as notícias da Zumbo FM Notícias com os seus contactos. Muito obrigado por visitar o nosso website!
Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias esta terça-feira, 13 de maio de 2025, académicos residentes em Pemba manifestaram preocupação com a decisão do governo de utilizar 40% das receitas do fundo soberano provenientes da exploração de gás natural para a implementação de projetos sociais.
Para os académicos, esta medida demonstra que Moçambique ainda não tem as condições estruturais e económicas necessárias para aplicar com eficácia o fundo soberano.
Um dos académicos, Zito Pedro, considera que o problema não está na criação do fundo, mas na forma como ele está a ser gerido e nos seus objetivos práticos. “Fomos surpreendidos com o anúncio de que, este ano, os 40% das receitas das explorações de gás serão absorvidos pelo governo para financiar projetos sociais. Essa decisão vai contra a essência do fundo soberano, cuja função principal seria garantir a poupança para as futuras gerações”, afirmou.
Na sua visão, canalizar todos os recursos para o Estado e projetos sociais compromete o propósito de poupança. “Estamos a dizer, em linhas reais, que todo o valor vai ser aplicado para o funcionamento da máquina estatal e para alguns projetos sociais. Isso cria um fosso, porque, lamentavelmente, não haverá qualquer poupança proveniente das receitas do gás.”
Zito lembra ainda que o país enfrenta dificuldades económicas, com destaque para o aumento da dívida pública. “Há uma perceção social clara de que o país não está bem economicamente. Recentemente, tivemos informações de que a dívida já se aproxima de um trilhão de meticais. A decisão de usar esses fundos para financiar projetos sociais confirma essa realidade.”
Outro académico, que preferiu não se identificar, defende que o país ainda não atingiu o nível mínimo de estabilidade económica necessário para iniciar uma política de poupança. “Se não temos condições para poupar, por que criamos um fundo soberano com todas as legislações e cláusulas possíveis? Talvez fosse melhor colocar o fundo em stand-by e continuar a usar os valores para responder às necessidades sociais e de funcionamento do Estado, até que se atinja um nível mínimo de estabilidade.”
Sobre a transparência na gestão dos fundos, o académico manifestou desconfiança, com base no histórico do país. “É um posicionamento válido pensar que esses fundos podem não ser bem aplicados. Temos um histórico de altos níveis de corrupção e desvios de fundos. A população tem razão em estar cética. A grande questão é: será que a totalidade do valor será usada para os projetos sociais? Ou vamos repetir o padrão em que uma parte é desviada para interesses privados e corrupção?”
Finalizando, alertou para o risco de abuso na gestão do fundo soberano, caso não haja mecanismos de controlo claros. “Esse valor primeiro não tem rigor em termos de responsabilização. O Estado agora decidiu pode muito usar, mas não há critérios definidos em caso de falcatrua, o que facilita o governo. Neste momento, o país não está bem, e esta decisão já era previsível.”(x)
Por: Nazma Mahando
Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as notícias da Zumbo FM Notícias com os seus contactos. Muito obrigado por visitar o nosso website!
O delegado da Resistência Nacional Moçambicana (RENAMO) no distrito de Chiúre, Manuel Nacuherane, sublinhou, em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, a recente inclusão do seu partido nas actividades do sector da Saúde, um gesto raro considerando a posição de oposição em relação ao governo central.
Nacuherane explicou que, durante a campanha de distribuição de redes mosquiteiras no distrito, o sector da Saúde convocou formalmente a RENAMO, pedindo que o partido enviasse membros para integrar as equipas de distribuição. O dirigente reconheceu que essa participação foi uma oportunidade significativa para a inclusão da RENAMO em actividades anteriormente restritas a membros do governo.
“Na parte da saúde, no período da distribuição da rede mosquiteira, então o sector da saúde, tinha nos convocado como partido político para entregarmos um número determinado dos nossos membros para fazer parte dos distribuidores das redes mosquiteiras. Isso aconteceu. Então, era muito raro, era muito custoso de haver uma instituição a nos convidar para fazer parte nas actividades do governo”, afirmou Nacuherane nesta quarta-feira, 14 de Maio de 2025.
Outro exemplo de inclusão foi registado no dia 12 de Maio, quando a Direção Distrital de Saúde organizou uma marcha, mais uma vez convidando a RENAMO a participar, sem que houvesse qualquer objeção ou limitação à presença do partido.
“Outro exemplo foi no dia 12 de Maio, mesmo a direção de saúde tinha uma marcha, recebemos um convite, então fizemos parte de alguns quadros, e não houve nenhuma informação contrária”, acrescentou o delegado.
A participação da RENAMO, partido da oposição, em actividades do governo local tem sido historicamente limitada. No entanto, os exemplos mencionados por Nacuherane indicam uma mudança no padrão de colaboração entre o governo e os partidos de oposição, apontando para uma possível abertura nas relações políticas no distrito de Chiúre. (x)
Por: António Bote
Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as notícias da Zumbo FM Notícias com os seus contactos. Muito obrigado por visitar o nosso website!
O Tribunal Administrativo (TA) identificou indícios de desvio de mais de 30 milhões de dólares (cerca de 2,1 mil milhões de meticais) referentes às receitas provenientes da exploração de gás natural no projeto FLNG da Bacia do Rovuma, localizado na província de Cabo Delgado.
A denúncia consta do Relatório e Parecer sobre a Conta Geral do Estado (CGE) de 2023, citado pela publicação Carta de Moçambique. Segundo o documento, até março de 2024, a Conta Transitória subconta da Conta Única do Tesouro criada especificamente para o depósito das receitas do gás apresentava um saldo de 60,6 milhões de dólares (aproximadamente 3,9 mil milhões de meticais). Deste total, 47,6 milhões de dólares foram depositados em 2023, enquanto os restantes 13 milhões de dólares foram transferidos durante o primeiro trimestre de 2024.
No entanto, o TA detetou uma discrepância de 33,7 milhões de dólares entre os valores efetivamente depositados e os montantes oficialmente declarados pelo Governo no Relatório de Execução do Plano Económico e Social e Orçamento do Estado (PESOE).
Os dados oficiais indicam que, entre 2022 e março de 2024, o Estado arrecadou 94,2 milhões de dólares (cerca de 6 mil milhões de meticais) em receitas do gás. Porém, esses valores não coincidem com os montantes efetivamente depositados na conta transitória.
A auditoria revela ainda que, em 2022, o montante de 800 mil dólares (51 milhões de meticais), apesar de cobrado, nunca foi depositado na Conta Transitória. Já em 2023, embora tenham sido declarados 73,4 milhões de dólares (4,7 mil milhões de meticais), apenas 47,6 milhões de dólares chegaram efetivamente à conta, resultando num desvio de 25,8 milhões de dólares (1,6 mil milhões de meticais).
No primeiro trimestre de 2024, foram reportados 20,1 milhões de dólares (1,3 mil milhões de meticais) em receitas, mas apenas 13 milhões de dólares (832 milhões de meticais) foram depositados, revelando uma diferença de 7,1 milhões de dólares (453 milhões de meticais).
Segundo o TA, estas diferenças configuram violação do artigo 49 da Lei do SISTAFE, que exige clareza e rigor na elaboração da Conta Geral do Estado. Além disso, os factos apurados constituem uma infracção financeira nos termos da Lei n.º 8/2015, de 6 de Outubro.
A auditoria identificou ainda outras irregularidades, nomeadamente:
• Movimentação de fundos fora dos canais orçamentais oficiais;
• Retenção e uso indevido de receitas consignadas;
• Incongruências nos saldos da Conta Única do Tesouro;
• Registo inadequado de receitas em contas bancárias fora do controlo direto do Tesouro Público.
O Tribunal Administrativo recorda que muitas destas falhas são recorrentes, tendo sido já identificadas em exercícios anteriores. Apesar das recomendações emitidas, as irregularidades persistem, desrespeitando as resoluções da Assembleia da República. (x)
Por: Zumbo FM Notícias
Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as notícias da Zumbo FM Notícias com os seus contactos. Muito obrigado por visitar o nosso website!
Num momento em que a província tenta erguer-se das cinzas de anos de destruição, deslocamentos e colapso económico, o Presidente do Conselho Empresarial Provincial e Representante da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA) em Cabo Delgado, Mahamudo Irachi, lançou esta quinta-feira, 15 de Maio de 2025, um desafio sem precedentes ao novo Presidente da CTA, Álvaro Massingue, a unir os empresários e reconstruir a província com base na cooperação interna e visão estratégica.
Em entrevista exclusiva à Zumbo FM Notícias, Irachi não poupou palavras ao traçar o que considera ser a missão central da nova liderança da CTA num dos territórios mais atingidos por insurgência armada e instabilidade: "O primeiro desafio que ele vai ter é de reconciliar os empresários. Os empresários precisam de se unirem e trabalharem juntos, mostrarem a capacidade de cooperação entre os empresários; criar motivação na produção e produtividade, esses são alguns desafios que esperamos que ele venha a ter na nossa província de Cabo Delgado".
A província, que nos últimos anos perdeu centenas de pequenas e médias empresas, enfrenta um défice grave de confiança e capital, mas Mahamudo Irachi acredita que a chave para a retoma está nos próprios empresários – não em ajuda externa.
“Se nós esperarmos de financiamento, isso é Uma coisa que nunca vai acontecer devido o custo do valor e depois sobre a situação que nos encontramos na nossa província", frisou.
Irachi propõe uma viragem estratégica baseada na solidariedade empresarial entre regiões. Para ele, a recuperação não virá de promessas distantes, mas de ações concretas entre empresários que decidam se apoiar mutuamente:
"Em relação aos empresários que perderam os seus empreendimentos, investimentos através das incursões terroristas e outras intempetias, estes podem recuperar através de uma cooperação empresarial. Uma cooperação empresarial, imagine: um empresário que estava a actuar na área logística, e este empresário teve os desastres que teve, mas tem um outro empresário que está lá em Maputo, Beira, etc, que opera na mesma área que aquela pessoa, se existir uma cooperação que tanto muito almejamos, o empresário de outra região vir se coligar com outro empresário de Cabo Delgado para lhe alavancar, a partir dos ganhos que pode ter para ele recuperar, este é um dos desafios que vamos lançar para o nosso novo presidente da CTA, para pôr os empresários a cooperarem entre empresarial", detalhou.
Com esta visão, o representante do setor privado em Cabo Delgado quer provocar uma mudança de paradigma: deixar de depender da ajuda externa e construir uma economia resiliente com base em alianças internas. "Com a cooperação empresarial, podemos transformar Cabo Delgado em um grande império", garantiu.
Além disso, Mahamudo Irachi exige do novo presidente da CTA uma aposta firme na agricultura comercial e sustentável, como resposta concreta à insegurança alimentar e à fragilidade do tecido económico local: "O nosso presidente tem que apostar muito na Agro-negócios para mudarmos a narrativa de que os país não tem a capacidade de fornecer alguma coisa", alertou. (x)
Por: António Bote
Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as notícias da Zumbo FM Notícias com os seus contactos. Muito obrigado por visitar o nosso website!
O Governo moçambicano anunciou na noite desta quarta-feira (14.05.2025), a redução generalizada das tarifas de portagens em várias estradas e infraestruturas rodoviárias do país, com entrada em vigor a partir do dia 15 de Maio corrente. A medida visa aliviar o custo de vida e dinamizar a economia nacional.
A decisão foi anunciada pelo Director Nacional dos transportes e segurança do Ministério dos Transportes e Logística, Fernando Andela durante uma conferência de imprensa realizada em Maputo. A redução das taxas de portagens abrange utentes da classe 1, nas estradas sob gestão da TRAC e REVIMO, dos veículos transportes semi-colectivos, colectivos, autocarros articulados e residentes em zonas de influência das portagens.
"Com efeito, na área de estradas o Governo decidiu efectuar uma
revisão, em baixa, das taxas de portagens no território nacional, que
passam a vigorar a partir de amanhã, 15 de Maio de 2025". disse Fernando Andela Director Nacional dos Transportes e Segurança.
No entanto, as principais alterações das tarifas de portagem são as seguintes:
2.1. Estrada Circular:
✓Redução da taxa cobrada aos utilizadores da classe 1, dos
actuais 40,00 MT para 30,00 MT; (Aditamento)
✓Redução da taxa cobrada ao transporte semi-colectivo de passageiros, dos actuais 10,00MT para 5,00MT;
✓Redução da taxa cobrada ao transporte colectivo de passageiros (veículos da classe 2), dos actuais 35,00 MT para 25,00 MT;
✓Redução da taxa paga pelos residentes das imediações das portagens, de 16,00 MT para 10,00 MT;
✓Redução da taxa cobrada aos autocarros articulados, dos actuais 380,00 MT para 130,00 MT.
2.2. Estrada Circular de Maputo:
✓Redução da taxa cobrada aos utilizadores da classe 1, dos actuais 40,00 MT para 30,00 MT; (Aditamento)
✓Redução da taxa cobrada ao transporte semi-colectivo de passageiros, dos actuais 15,00MT para 5,00 MT;
✓Redução da taxa cobrada aos veículos da classe 2 para o transporte colectivo de passageiros dos actuais 51,00Mt para 17,00 MT;
✓Introdução do desconto das tarifas cobradas às viaturas da
classe 3 (autocarros articulados), dos actuais 225,00 MT para
130,00 MT.
2.3. Ponte Maputo – Katembe e Estradas de Ligação:
✓Redução da taxa da classe 1 na portagem da KaTembe de 125,00 MT para 100,00 MT;
✓Redução da taxa cobrada aos residentes da Katembe, de 50,00 MT para 40,00 MT;
✓Redução da taxa cobrada ao transporte semi-colectivo dos actuais 30,00 MT para 20,00 MT;
✓Redução da taxa cobrada ao transporte colectivo de
passageiros (veículos da classe 2) dos actuais 60,00 MT para 40,00 MT;
✓Redução da taxa da classe 1 na portagem de Mudissa de 100,00MT para 80,00MT;
✓Redução da Taxa da Classe 1 na portagem de Ponta d’Ouro e Mahubo (130,00MT para 100,00 MT).
4. N6 - Beira - Machipanda
✓Redução da taxa cobrada aos utilizadores da classe 1, na portagem de Dondo, dos actuais 40,00 MT para 30,00 MT; (Aditamento)
✓Redução da taxa de veículos da classe 1 na portagem de Nhamatanda de 120,00 MT para 100,00MT; e
✓Redução da taxa de veículos da classe 1 na portagem de Chimoio de 180,00 MT para 100,00 MT.
2.5. Portagens sob Gestão Directa do Fundo de Estradas, FP
✓Introdução de desconto de 60% sobre a taxa cobrada aos veículos do transporte interprovincial da Classe 1 de 50,00 MT
para 20,00 MT;
✓Introdução de desconto de 60% sobre a taxa cobrada aos veículos do transporte interprovincial da Classe 2 de 200,00 MT para 80,00 MT;
✓Introdução de desconto de 60% sobre a taxa cobrada aos veículos do transporte interprovincial da classe 3 de 500,00 MT para 200,00 MT;
✓Introdução de desconto aos veículos de transporte interdistrital
da Classe 1 de 50,00 MT para 10,00 MT;
✓Introdução de desconto aos veículos de transporte interdistrital da Classe 2 de 200,00 MT para 20,00 MT;
✓Introdução de desconto de 60% sobre a taxa normal para os utilizadores frequentes na zona de influência da portagem das classes 1, 2 e 3 (instituições públicas, privadas e público em geral);
2.6 Ponte Samora Machel
✓Redução da taxa cobrada ao transporte semi-colectivo dos actuais, 20,00 MT para 10 MT;
✓Redução do transporte colectivo, dos actuais 100, 00 Mt para 60, 00 MT.
2.7 Ponte Kassuende
✓Redução da taxa cobrada ao
transporte Semi-colectivo de passageiros dos actuais, 80,00 Mt para 50,00MT;
✓Redução do transporte colectivo de passageiros, dos actuais
350, 00MT para 230,00MT.
O Governo apelou às empresas concessionárias para reforçarem a divulgação das novas tarifas e manterem o diálogo com os utentes, reafirmando o compromisso com medidas inclusivas para melhorar a vida dos cidadãos.(x)
Por: Zumbo Fm Notícias
Anuncie o seu produto ou marca no nosso website. Partilhe as notícias da Zumbo FM Notícias com os seus contactos. Muito obrigado por visitar o nosso website!